Esta história que vou contar aconteceu ao lado da minha casa
por volta de seis anos atrás, uma família aparentemente normal mudou-se para a
casa do lado direito da minha, o pai era um homem alto, bem magro e com
aparência de cansado, mas uma pessoa muito boa, porem, trabalhava muito por
isso quase nunca o víamos. A mãe era uma mulher baixa, magra e com cara de quem
estava constantemente sofrendo uma terrível dor, mas era muito educada e sempre
cumprimentava todos os vizinhos. O estranho da família era o filho deles, um
menino bonito, forte de cabelos ondulados loiros, lindos olhos azuis destoavam
completamente da aparência dos pais, arrogante nunca cumprimentava os vizinhos
e não tinha amigos no colégio, sempre calado quase nunca o vimos do lado de
fora da casa.
Na primeira semana que se mudaram já aconteceram coisas
estranhas, porem, nós pensávamos que era apenas coisa de menino mimado,
ouvíamos berros do garoto dizendo: - MÃE TRAZ LOGO A NOSSA COMIDA! – ESTAMOS
COM FOME! - VEM JUNTAR NOSSOS BRINQUEDOS! Este foi o que mais nos intrigava, o
menino usava o nós como se ele não fosse à única criança naquela casa, será que
eles estavam recebendo parentes? Será que ele estava com amigos? Eu tentava
espiar da janela do meu quarto, mas as janelas daquela casa nunca se abriam, só
conseguia ver a luz de onde seria o quarto do menino piscar intensamente,
fiquei curioso, mas como já era tarde acabei pegando no sono e fiquei sem saber
o que estava acontecendo.
Eles tinham um cachorro que parecia ser muito feroz, mas era
o único com quem víamos o garoto brincar, ele jogava os brinquedos e o cachorro
os abocanhava e sacudia até destroçá-los, e o garoto se divertia com isso, o
cachorro dele vivia de olho em meu gato que passeava sempre pela rua. Certo dia
estava anoitecendo e eu fui procurar Ralf meu gatinho, para colocá-lo para
dentro de casa e dar-lhe de comer, procurei pelo quintal, pela calçada e pela
rua, dei a volta no quarteirão e não o encontrei, voltei para casa e ele ainda
não estava, mamãe disse para que eu me acalmasse pois ele sempre voltava para
casa para jantar e dormir, mas eu fiquei de olho na janela, aquele menino
estranho depois de algum tempo apareceu, seguido pelo cachorro e com um saco na
mão, ele sorria e parecia muito feliz, foi até a calçada abriu a lata de lixo e
depositou o saco. Fiquei muito curioso para saber o que era aquilo, planejei
mais tarde ir “curiar” o lixo deles, quando todos em casa já estavam deitados e
na casa do vizinho tudo estava apagado sai cuidadosamente e fui até a lixeira
deles, eu destampei e peguei o saco, o cheiro forte parecia de algo podre mas,
não podia ser pego ali, o que eu iria dizer, levei o saco para a garagem de
casa e o abri – HAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!!!! – não consegui segurar o grito, foi
um susto, meu gatinho estava lá, morto, mas não estava inteiro, estava todo
machucado e faltava a cabeça, em instantes meu pai apareceu correndo na
garagem, me viu no chão sujo de sangue, veio rápido em minha direção e eu
apontei para o saco. Mais tarde, de madrugada e mais calmo, expliquei o que
vi e como peguei o saco, meu pai ouviu atentamente e resolveu que ao amanhecer
iria falar com o pai do vizinho.
Da janela de casa eu observava meu pai indo em direção a
casa do vizinho, chamou-o e começou a falar, não dava pra ouvir, mas parecia
serio, pois o pai do vizinho parecia assustado, recuou e logo entrou, meu pai
voltou para casa intrigado relatou que mal contou sobre o gato o vizinho já se
tremeu de medo, colocou a culpa no cachorro pediu perdão e entrou. Ao regressar
para casa meu pai contou sobre a conversa, fiquei muito curioso e desconfiado
de que havia algo errado naquela casa, não queria acreditar que o cachorro fez
aquilo com meu gato, passei os dias à espreita, mas a casa parecia vazia,
passou-se a terça-feira, a quarta, a quinta, e a sexta e finalmente chegou o sábado.
Pela manha observei a chegada de um menino, aparentava ter por volta de uns 12
anos, mas era bem mirado para a idade, trazia consigo um lindo gato preto,
estranhei ele chegar com um gato na casa onde o cachorro já havia matado o meu,
mas não fiquei olhando, percebi que durante o dia eles saiam e voltavam com
algumas coisas, fui ficando mais curioso conforme passava as horas e ao cair da
tarde não aguentei, olhei no quintal e ninguém estava lá e nem sinal do
cachorro, pulei a cerca e circulei a casa, nos fundos havia um pequeno cômodo com
uma janela muito suja, era a única parte da casa que havia luz acessa, fui a te
a janela para espiar, meu susto foi enorme era um quarto iluminado por velas e
estava forrado por objetos de magia negra, havia ossos humanos em um canto, um
espelho circular no outro, um tapete vermelho no centro e sobre ele uma mesa
com varias coisas, agora sabia o que os garotos passaram o dia trazendo, vários
corpos de animais estavam pendurados sangrando em taças, e o gato estava amarrado
há um canto, os pais do garoto estavam agachados no canto e para meu espanto os
garotos começaram a jogar o sangue das taças sobre os pais e cantar uma musica
com palavras que eu nunca havia escutado antes, o gato começou a gritar e
tentar escapar das amarras, mas era em vão, o garoto mais novo cortou-se com
uma faca e deixou o sangue cair em uma taça vazia entoando um canto diferente
em palavras muito estranha, um outro idioma que eu não imaginava qual era,
quando para meu espanto meu vizinho degolou o gato preto com uma machadinha e
derramou seu sangue na taça do sangue do outro garoto. Aquilo me deixou em
choque, mas algo pior estava por vir, o garoto estranho começou a cortar o gato
com os mesmos corte que o meu morreu, deram seu sangue para os pais do meu vizinho beber e passavam os pedaços do gato neles, para minha surpresa cada vez
que os meninos faziam isso, os pais do meu vizinho pareciam mais fortes e mais
novos, que ritual macabro, era um ritual satânico para rejuvenescer, quantos
anos será que eles tinham, e aqueles garotos? Nunca irei descobrir depois do
que vi corri para casa e procurei ficar o mais longe possível daquela gente e
ao terminar aquele ano eles se mudaram para outro lugar.
Escrito por Adriano Dymattos
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