O Mar e a Escuridão
Infelizmente esta estória é de
como eu gostaria de ter morrido, mas estou aqui vivinho da silva. Tudo começou
com a maior felicidade que um Homem pode ter, conheci uma garota, Linda, olhos
castanhos, cabelos castanhos pele lisinha, a perfeição em pessoa. Quando a vi
não conseguia parar de olha-lha, e logo identifiquei a aliança em sua mãe
esquerda, mas não conseguia parar de pensar nela, o tempo passou e me aproximei
dela, ficamos amigos e logo me encantei, fiz de tudo para conhecê-la melhor
ainda mais ao saber que o casamento dela se dissolverá.
Um dia
resolvi abrir meu coração, dizer o quanto ela era especial, o quanto eu me
encantava por ela, mas não aconteceu como eu imaginava, ela simplesmente me olhou
e me disse, eu apenas estava brincando com você, virou-se me dando as costas e
saiu... Ali meu mundo desabou tudo escureceu, o breu tomou conta de mim, perdi
o rumo, então começou a minha triste estória...
Sem
rumo, desprezado e magoado peguei meu carro e saí sem rumo, que a escuridão me
levasse para longe desta dor que sentia em meu peito, quando me dei conta
estava na estrada, mas em qual? Como eu chegará lá? Que caminho tomei ? não
sabia responder só queria prosseguir, me dei conta na musica que tocava no rádio, “Guilherme Arantes”... Quando fui
ferido, vi tudo mudar, das verdades que eu sabia... só sobraram restos e eu não
esqueci... O velocímetro marcava 150 km/h 180 km/h, não me importava multas
ou nada mais, em minha cabeça não haveria volta. Quando me dei conta estava no
litoral, em qual praia ou cidade não importava ali eu mergulharia na escuridão
eterna.
Sentei-me
na areia, pensamentos distantes, não sentia mais meu corpo, não sentia dor, não
sentia nada. Mergulhava em um abismo escuro e sem fim, minha vida passava
diante dos meus olhos, mas não importava cada imagem acabava sendo apagadas por
aqueles olhos lindos e castanhos se virando e partindo... Uma luz apareceu
diante de mim, um anjo enviado para me salvar sentou-se ao meu lado e disse: - Amigo,
porque esta tristeza? E eu contei-lhe
minha triste sina, ele tentou me consolar e disse que estaria me protegendo e
que o tempo apagaria as marcas, mas a noite seria muito mais movimentada. Por mais
incrível que pareça uma sombra escura saiu do mar, eu fiquei incrédulo, naquela
praia deserta não haviam holofotes, não como ter sombras, ela se dirigiu a mim,
sentou-se ao meu lado e me envolveu num abraço quente, em um sussurro que
ecoava em meu ouvido ela me disse: - Eu posso te dar o que você precisa. Eu não
pensei, aceitei.
A morte
me ajudou a levantar, lentamente caminhamos juntos lado a lado em direção ao
mar, senti a água gelada do mar a noite em meus pés, mas o abraço quente e
envolvente da morte continuava a aquecer meu corpo, era uma sensação
maravilhosa, mas eu já sentia algo gelado em minha cintura, meus pés tinham
vontade própria e continuavam a caminhar mar a dentro, meus olhos só viam a
escuridão da noite e uma voz em minha cabeça dizia me para voltar, mas o abraço
da morte era tão bom, senti certa dificuldade para respirar quando a água do
mar salgada entrou em minha boca, mas meus pés ainda tocavam o chão de areia, senti
um impulso me puxando para traz, mas eu quis seguir, queria apagar de minha
mente a imagem daqueles olhos castanhos e sabia que somente a morte poderia me
ajudar, de repente meu corpo gelou, envolto pelas águas do mar a morte me
abandonou, comecei a me afogar e na areia havia um anjo em luz me guiando , as
ondas do mar me jogaram na areia onde descansei na escuridão, logo senti meu
corpo aquecido novamente por aquela sombra escura que me disse, não conseguimos
mas vou te ajudar novamente, a morte me guiou a uma montanha que terminava em
um precipício que dava no mar, não via nada em volta, somente a espuma das
ondas no mar se chocando na montanha, sabia que ali era fundo o suficiente para
remover aqueles lindos olhos castanhos da minha lembrança. A morte me disse: - Coragem
meu amigo agora é com você. Respirei profundamente, olhei para baixo e vi um
ponto de luz flutuando sobre as águas, admirei a escuridão, fechei os olhos e
em minha mente veio novamente aqueles olhos castanhos lindos, lentamente
sentindo o vento gelado tomar conta de meu corpo soltei meu peso ao destino, ao
precipício, que sensação maravilhosa o vento batia em meu rosto, a escuridão
transpassava minh’alma e eu aceitei a morte. Em segundos sentia água do mar em
meu corpo, abandonado pelo abraço caloroso da morte eu senti o gelo da água do
mar, a sentia entrando por minha garganta enquanto eu buscava o ar e de repente
nada... Não sentia mais frio, não sentia mais nada, inconsciente parecia flutuar
então esta era a sensação de morrer, era deliciosa, era suave, sentia apenas
mãos macias em meu peito, mas de repente senti um baque forte, meu corpo batera
em alguma coisa, mas se estou morto com sentia meu corpo, comecei a sentir
frio, a sentir o cheiro da areia, com muito esforço, lentamente comecei a abrir
os olhos, ao longe vi aquela luz branca se afastando de mim e deixei meu corpo
repousar ali largado, novamente não havia conseguido deixar a morte me levar,
ela me largou no caminho, me abandonou.
Quando
recuperei as forças, fui até meu carro e retornei a cidade, hoje estou aqui
dolorido, abandonado pela morte, solvo por um anjo que não me deixou morrer e
não me tirou nem a dor da lembrança dos olhos castanhos mais lindos que já vi,
ou me trouxe ela para perto. Hoje tenho um corpo vivo, sem um coração e com uma
alma destruída.
A musica que ainda
ecoa em meus ouvidos:
Quando eu
fui ferido vi tudo mudar
Das verdades que eu sabia
Só sobraram restos e eu não esqueci
Toda aquela paz que eu tinha
Eu que tinha tudo hoje estou mudo, estou mudado
À meia-noite, à meia luz, pensando
Daria tudo por um modo de esquecer
Eu queria tanto estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz, sonhando
Daria tudo por meu mundo e nada mais
Não estou bem certo se ainda vou sorrir
Sem um travo de amargura
Como ser mais livre, como ser capaz
De enxergar um novo dia.
Criado por Dymattos
Tema escolhido por Dany